Chegou
o mês de maio. Mês das noivas e das mães. Para mim, como bom mineiro e filho de
devotos de Nossa Senhora Aparecida, maio é mês de Maria. Impossível não lembrar
com afeto das tantas devoções populares de nosso povo, das coroações, das procissões
marianas com diversas flores ofertadas diariamente nas capelas. Entretanto,
hoje, quando busco entender um pouco mais sobre esta mulher, parece-me difícil
encontrar aquela mesma Maria para a qual cantávamos (desafinadamente) as ladainhas
quando criança.
Se
pegarmos o relato de Lucas, popularmente considerado o evangelho mais mariano,
é difícil tirar daí uma Maria rainha, cheia de glória e esplendor. Lucas
apresenta Maria como uma jovem da nada importante cidade de Nazaré, que, como
tantas outras, estava prometida em casamento. Que sendo pobre, se perturba com
uma alta saudação (Ave, que era utilizada somente para os imperadores). Que tem
dúvidas sobre a vontade de Deus para sua vida... e mesmo frente às dúvidas
responde “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38). O “faça-se” de Maria
lembra-nos o “faça-se” da Trindade em Gênesis: uma nova criação vai acontecer!
Pode
nos passar despercebido, mas ser a mãe do salvador deveria ser a maior benção,
principalmente, porque eles esperavam um Messias rei. Ao invés disto, Maria se coloca como
serva, de Deus e dos irmãos. Maria não é alheia a realidade que vive, tem o pé no chão. Cheia do
Espírito Santo, bem como acontecerá depois com os discípulos de Jesus, Maria
torna-se sinal do povo de Israel que serve o Senhor e que, por isso, não pode
ser ausente nas dificuldades dos irmãos e das irmãs que menos têm.
Lucas
apresenta uma Maria que tem consciência de sua pequenez. Mas uma Maria “de
movimento”, que não se contenta em ficar quieta quando clama a vida. Parece que
ela percebeu que a resposta daqueles que são movidos pelo Espírito não acontece
no extraordinário, mas, ao contrário, no ordinário da vida, no comum. Tão comum como as
nossas celebrações do mês de maio.
Iniciando
o mês de Maria, tenhamos no coração este mesmo Espírito que a movia. Espírito
que a fez serva na fraternidade, no cuidado, na humildade, nos detalhes. Que a
fez discípula de Jesus, que não se deixa abater pela falta de esperança. A nós, fica o convite
para sermos como as crianças das coroações: que consigamos nos apoiar uns aos
outros para não tropeçar, que tenhamos nas mãos os dons prontos a ofertar e
que, aos pés de Maria, possamos cantar com ela as maravilhas que Deus faz
cotidianamente em nosso favor.
Sejamos!
Postado por Ir. Anderson Barroso
Postado por Ir. Anderson Barroso
Nenhum comentário:
Postar um comentário